MYRTACEAE

Myrceugenia franciscensis (O.Berg) Landrum

Como citar:

Raquel Negrão; Marta Moraes. 2019. Myrceugenia franciscensis (MYRTACEAE). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

VU

EOO:

113.471,451 Km2

AOO:

116,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019), com ocorrência nos estados: MINAS GERAIS, municípios Bocaina de Minas (Schumm 128), Catas Altas (Oliveira 331) e Mariana (Machado 370); PARANÀ, municípios Campina Grande do Sul (Vieira 435), Guaraqueçaba (Mocochinski 267), Garuva (Vieira 2126), Jaguariaíva (Linsingen 510), Morretes (Mocochinski 266) e Quatro Barras (Blum 1609); SÃO PAULO, municípios Campos do Jordão (Rubens 278), Iguapé (Caliari 2160), Itararé (Souza 2373) e Peruibe (Sobral 7260).

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2019
Avaliador: Raquel Negrão
Revisor: Marta Moraes
Critério: B2ab(i,ii,iii,iv)
Categoria: VU
Justificativa:

Árvores de até 6,5 m de altura, endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2018). Ocorre nos domínios da Mata Atlântica, em Floresta Ombrófila Densa e em Floresta Ombrófila Mista (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019). Foi coletada nos estados de Minas Gerais, municípios de Bocaina de Minas, Catas Altas e Mariana; Paraná, municípios de Campina Grande do Sul, Guaraqueçaba, Garuva, Jaguariaíva, Morretes e Quatro Barras; São Paulo, municípios de Campos do Jordão, Iguapé, Itararé e Peruíbe. Apresenta AOO=108 km² e está sujeita a 10 situações de ameaça. O desmatamento, expansão urbana e mineração (Simões e Lino, 2003; DNPM, SIGMINE, 2019; SOS Mata Atlântica e INPE, 2019) são os principais responsáveis pelo declínio de EOO, AOO, qualidade do habitat e de subpopulações. A espécie ocorre no município de Mariana, recentemente afetado pelo maior desastre da mineração, causado pelo rompimento da barragem de rejeitos de mineração (Carmo et al, 2017; Sanchéz et al., 2018). A espécie foi considerada "Em perigo" (EN) em avaliação de risco de extinção anterior, em nível nacional (MMA, 2014) e em nível regional pela Lista de espécies ameaçadas do estado de São Paulo (SMA-SP, 2016). A recente revisão das coleções e inclusão de registros alterou a distribuição da espécie para além dos limiares de risco da categoria, considerando o aumento no número de situações de ameaça. Portanto, a espécie passa a ser avaliada de acordo com a categoria "Vulnerável" (VU), em razão de distribuição restrita associada a declínio por causas não cessadas. Entre os três estados onde a espécie está distribuída, dois (Minas Gerais e Paraná) ainda não conseguiram sustentar o compromisso de desmatamento zero para o Bioma Mata Atlântica, apresentando taxas de desmatamento inaceitáveis, acima de 1000 ha no período de 2017-2018 (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019). A espécie ocorre em três Unidades de Conservação de proteção integral e em um estudo recente (Renann, 2016), foi encontrada em alta densidade, estimada em 80 indivíduos por hectare. Portanto, são necessárias ações de pesquisa (para atualização da informação sobre tamanho e tendências da população global), monitoramento das populações encontradas recentemente e ações de conservação (programas de conservação ex situ).

Último avistamento: 2015
Quantidade de locations: 10
Possivelmente extinta? Não
Razão para reavaliação? Other
Justificativa para reavaliação:

A espécie foi avaliada como "Vulnerável" (VU) à extinção na lista vermelha da IUCN (Pires O'Brien, 1998). Posteriormente, avaliada pelo CNCFlora/JBRJ em 2013 (Martinelli e Moraes, 2013) e consta como "Em perigo de extinção" (EN) na Portaria MMA 443/2014 (MMA, 2014), sendo então necessário que tenha seu estado de conservação reavaliado após cinco anos da última avaliação.

Houve mudança de categoria: Sim
Histórico:
Ano da valiação Categoria
2012 EN

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em: Brittonia 32(3): 372. 1980.

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido
Detalhes: Não é conhecido o valor econômico da espécie.

População:

Detalhes: Foi realizado um estudo fitossociológico nas encostas divergentes na Floresta Ombrófila Densa Altomontana do morro Cerro Verde, na Serra do Mar do Paraná, onde foram encontrados 80 indivíduos por hectare (Renann 2016).
Referências:
  1. Renann, S.V., 2016. Influência de feições geomórficas sobre os padrões pedológicos, florísticos e estruturais de florestas altomontanas na serra do mar do Paraná – Brasil. Dissertação Universidade Federal do Paraná. Curitiba.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Longevidade: perennial
Biomas: Mata Atlântica
Vegetação: Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial), Floresta Ombrófila Mista
Fitofisionomia: Floresta Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Mista
Habitats: 1.9 Subtropical/Tropical Moist Montane Forest
Detalhes: Árvores de até 6,5 m de altura (Schumm 128), ocorrendo nos domínios da Mata Atlântica na Floresta Ombrófila (= Floresta Pluvial) e Floresta Ombrófila Mista(Flora do Brasil 2020 em construção, 2019).
Referências:
  1. Myrtaceae in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB10640>. Acesso em: 07 Jun. 2019

Ameaças (2):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 1 Residential & commercial development habitat past,present,future national very high
Vivem no entorno da Mata Atlântica aproximadamente 100 milhões de habitantes, os quais exercem enorme pressão sobre seus remanescentes, seja por seu espaço, seja pelos seus inúmeros recursos. Ainda que restem exíguos 7,3% de sua área original, apresenta uma das maiores biodiversidades do planeta. A ameaça de extinção de algumas espécies ocorre porque existe pressão do extrativismo predatório sobre determinadas espécies de valor econômico e também porque existe pressão sobre seus habitats, sejam, entre outros motivos, pela especulação imobiliária, seja pela centenária prática de transformar floresta em área agrícola (Simões e Lino, 2003).
Referências:
  1. Simões, L.L., Lino, C.F., 2003. Sutentável Mata Atlântica: a exploração de seus recursos florestais. São Paulo: Senac.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 5.3 Logging & wood harvesting habitat,mature individuals past,present,future national very high
O Atlas da Mata Atlântica (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019) indica que restam 16,2 milhões de hectares de florestas nativas mais preservadas acima de 3 hectares na Mata Atlântica, o equivalente a 12,4% da área original do bioma. O desmatamento da Mata Atlântica entre 2017 e 2018 caiu 9,3% em relação ao período anterior (2016-2017), que por sua vez já tinha sido o menor desmatamento registrado pela série histórica do Atlas da Mata Atlântica, iniciativa da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que monitora o bioma desde 1985. Além disso, foi verificado aumento do número de estados no nível do desmatamento zero, de 7 para 9, sendo que outros 3 estão bem próximos. O desmatamento nos estados de ocorrência da espécie entre 2017 e 2018 foi 3.379 hectares em Minas Gerais, 2.049 hectares no Paraná e 96 hectares em São Paulo.
Referências:
  1. Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2019. Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica. Período 2017- 2018. Relatório Técnico, São Paulo. 35p.

Ações de conservação (5):

Ação Situação
5.1.4 Scale unspecified on going
A espécie avaliada como "Em perigo" está incluída no ANEXO I da Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014).
Referências:
  1. Ministério do Meio Ambiente (MMA). Portaria nº 443/2014. Anexo I. Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção. Disponível em: http://dados.gov.br/dataset/portaria_443. Acesso em 14 de abril 2019.
Ação Situação
5.4.3 Sub-national level on going
Espécie avaliada como "Em perigo" pela segunda revisão da lista oficial das espécies da flora ameaçadas de extinção no Estado de São Paulo (SMA-SP, 2016).
Referências:
  1. Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Estado de São Paulo - SMA-SP. 2016. Resolução SMA Nº 057. Segunda revisão da lista oficial das espécies da flora ameaçadas de extinção no Estado de São Paulo. Publicada no DOE de 30-06-2016 Seção I Pág 55/57. Acesso em 31 de maio 2019.
Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
A espécie foi registrada em: RPPN Santuário do Caraça (Oliveira 331), Parque Nacional do Itatiaia (Schumm 128), Parque Estadual do Cerrado (Linsingen 510).
Ação Situação
5 Law & policy needed
A espécie ocorre em um território que será contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção : Território Paraná - 19 (PR).
Ação Situação
5.1.2 National level on going
A espécie foi avaliada como "Vulnerável" (VU) à extinção na lista vermelha da IUCN (Pires O'Brien, 1998).
Referências:
  1. Pires O'Brien, J., 1998. Myrceugenia franciscensis. The IUCN Red List of Threatened Species 1998: e.T35658A9948932. http://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.1998.RLTS.T35658A9948932.en. (Acesso em 24 de setembro de 2019).

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
17. Unknown
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.